domingo, 10 de junho de 2007

texto 10/06/2003

A falsidade enamorada

O dia 12 de junho está próximo, as lojas estão cheias de “pombinhos” buscando demonstrar todo seu amor através de ursinhos de pelúcia, pares de brincos, roupas, um cavalo ou um carro. Os pseudo-enamorados em questão, podem ter traído seus companheiros o ano inteiro, mas se for dado o presente certo fica tudo esquecido, o bem material sobrepõe a dor da traição, pelo menos se fingi! Os namoros de hoje em dia, são baseados, na maioria das vezes, na acomodação. O casal se atura por medo de encarar a realidade, solitários.
O amor foi renegado e seja bem-vindo ao mundo da hipocrisia, da maldição. Veja as propagandas do Dia dos Namorados; pessoas cheias de sorrisos e abraços para atrair compradores para suas besteirinhas fúteis. Os verdadeiros presentes não estão sendo dados, que são: confiança, fidelidade, carinho, respeito e aceitação, aliados da busca verdadeira pelo amor. Nos dias vigentes, o que temos são reuniões de relacionamentos mentirosos que determinam a comodidade como ponto de partida e o medo como sentimento soberano.
Quem ama de verdade não precisa estar provando em um dia tão comercial, tem que viver todos os dias como verdadeiros Dias dos Namorados. Pobre de quem acredita na mídia e na sociedade, se esquecendo do que está pronto para arder dentro do coração. Muitos seres vivem muito mais as ilusões passadas na televisão do que correm atrás de suas próprias experiências. Só tem história para contar quem se arrisca e não dá ouvidos as aves de rapina, que ficam na espreita de sua desgraça pessoal.
Um relacionamento amoroso se traduz em gozoso, somente quando, os envolvidos deixam de se espelhar nos outros, iniciam sua própria caminhada e afastam os fantasmas do passado. A decepção é a arma das ilusões para tomarem conta de nossas vidas. A vida não é nenhum conto de fadas, tudo o que temos, maléfico ou benéfico, é por nosso próprio merecimento, por nossa irrestrita construção. Diversos apaixonados estão a chorar o amor pedido, mas devem se recompor e sorrir para atrair o verdadeiro amor, que não se baseia em dor, e sim, em alegria.
Viva seu amor livremente, se esqueça das besteiras alheias, entregue-se de corpo e de espírito. Seja namorado, enamorado, amigo, companheiro e amante, nunca deixe de lado um destes casos, complete-se a cada dia, bebendo na fonte do amar, a mais rica em sabedoria. Ame sem o penoso medo de abrir o coração novamente para a força do amor. Limpe sua aura com o sentimento de luz, siga a elipse do amor não da matéria. Amar é se achar, namorar e ser feliz, afastar-se da perdição, chegando mais perto de todos seus ideais.
Namorar é abrir mão e não se arrepender. É chorar, mas consolar. É viver e deixar viver. É sofrer e esquecer. É perdoar e logo estender a mão. É beijar não só com os lábios e sim com alma. É desejar e ser desejado. É gozar não só com o sexo, mas com o dia-a-dia. É amar, cada dia mais amar, sendo sempre mais amado. É crer e nunca esquecer. É chamar e ser ouvido. É conversar e ser entendido. É corresponder e ser correspondido. É gostar do simples, mas encarar o complicado É sintonizar-se com o divino da vida. É aceitar sem forçar. É incentivar e não cobrar. É mudar para melhorar. É sentir e não fugir. É viver constantemente uma mutável troca, que sempre refaz o caminho para o encontro da real felicidade.

MARCELO G. DOS SANTOS
PAIUXÃO, GOL & ROCK N’ROLL
BH, 10/06/2003

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