domingo, 10 de junho de 2007

poema 23/12/2003

Verdadeiro Presente de Natal


Abro a janela vejo o espírito natalino adentrar
A porta se escancara lá vem o batalhão para devorar
A árvore está torta, sobrecarregada de embrulhos sem vida

A cultura consumista está dominando a festa popular
A revolta é guardada para o depois do voar da rolha
Sentimentos puros são falados, mas não verdadeiramente sentidos

Somente crianças enxergam o bailar dos anjos
Olhares mesquinhos ficam na ânsia para pular em cima dos pacotes coloridos
Até a coxa maior de peru é alvo de disputas

A superficialidade é vendida e louvada
A hipocrisia é brindada e a paz é perdida
Abraços obrigados são trocados sem sintonia com a manjedoura

O amor deixa de ser o brilho da festa para ser alvo de piadas maldosas
A ternura da doação é confundida com a dúvida de qual cartão de crédito usar
A pureza do bom velhinho é substituída pela decepção do não ganho da calça da moda

A consideração não é comprada no shopping, por esta, é excluída de sua própria celebração
Esquece-se que o presente mais valoroso é o carinho incondicional
Dão-se mimos que o maior capital alcança e deixa-se de entregar o coração como real donativo


MARCELO G. DOS SANTOS
PAIXÃO, GOL & ROCK N’ROLL
BH, 23/12/2003

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