quinta-feira, 7 de junho de 2007

texto sobre JK

Um Brasil sem J nem K


Ilustríssimo senhor Juscelino Kubitschek de Oliveira, sua fama está em alta novamente com mini-séries, documentários, reportagens falando de suas proezas como ser humano e homem público. Só que seus feitos contrastam com uma realidade nefasta em nosso país: corrupção, miséria, injustiças e falta de esperança.
Nesses 45 anos, após o seu governo, (1956-1961) tenho a impressão que a política invés de evoluir, regrediu. Olha a nossa constelação partidária sem brilho, dezenas de partidos e um só propósito: o poder. Poder este, de uso exclusivo de um grupo seleto de pessoas (os magnatas), trazendo melhorias somente para estes e, o restante, a maioria (o povo), que dane.
O senhor foi um estadista e visionário, enxergava todo o potencial brasileiro e agia para a realização das benfeitorias. Era um democrata de ação, um ser inquieto com o atraso e um apaixonado pelo progresso. Ao contrário, nos dias atuais, temos uma legião de políticos parasitas e demagogos que se instalam em luxuosos gabinetes, a ignorar uma realidade cinza do lado de fora.
Os políticos atuais só reclamam de problemas: falta de verbas, escassez de funcionários, que o café está fraco ou forte, que o terno é cinza e não azul, dentre outras desculpas e besteiras. Já você, (posso lhe chamar de você? Que tal nonô, pode ser?), Nonô, enfrentou golpe de estado dos militares (este não deu certo - em 1964 não teve escapatória), tentativa de impedir sua pose na presidência. Agüentou mineiramente, o Lacerda (grande mala) te enchendo o tempo todo, o cenário político rachado e a pobreza de recursos. Mas, mesmo assim, superou tudo e se valeu dos sobressaltos para um fortalecimento ainda maior. Você se intitulava um homem desprovido de medo por Deus. Os nossos atuais políticos podem se intitular seres desprovidos de talento e caráter.
O mar de corrupção inunda nosso país e não temos um comandante como você para arregaçar as mangas, limpar a sujeira e começar do zero novamente, como foi em Brasília.
O nosso atual presidente, Luís Inácio Lula da Silva, é um homem de bons propósitos, de boa fé. Mas, cercou-se de lobos sedentos por poder. Que no meio do caminho acabaram mostrando a verdadeira face: de cães vira-latas, que caem do caminhão de mudança e não sabem pra onde ir ou o que fazer.
A luta na atualidade é pelo individualismo, não existe união, nem ideal. Nosso povo cada vez mais se torna insensível com a dor a seu redor. Isso é reflexo de uma desigualdade social estimulada pela cúpula do poder, que está pouco aí para o cidadão brasileiro.
Juscelino veja nosso jornalismo: responsável formador de opinião, defensor da justiça e principalmente da verdade. Na realidade, não está fazendo sua parte. O senhor era atacado pelo jornalista Carlos Lacerda; conservador irritante e implacável, detentor de uma oratória perfeita. Mas, ele brigava por suas idéias. Hoje em dia, temos uma imprensa vendida que briga pelas idéias dos que lhe pagam mais. Na imprensa atual detectamos um oceano de vendidos e um rio corrente de água límpida, que nutre os corações corajosos, guerreiros pela mudança, na crença em virar mar.
J. nosso país está entregue ao capital estrangeiro, somos locatários em nossa própria terra e o aluguel sobe dia após dia. A globalização, o neoliberalismo, o capitalismo selvagem nos fez reféns do Tio Sam e de sua gangue de almofadinhas. Logo o nosso país, Nonô! No seu tempo você enfrentou corajosamente o FMI, lhe dando uma banana e investindo nosso dinheiro no progresso da nação. Atualmente, nosso governo abre as pernas, leva um chute no saco e ainda pede desculpas por ter gritado de dor.
O fator em maior desenvolvimento no país é a ignorância. A cada dia o povo fica mais burro e pobre; e, o magnata fica mais rico e descarado. JK temos que voltar à era da bossa nova e sepultar a jornada do funk (funk falso, mercadológico, funk de verdade é James Brown, sex machine), do batidão.
Os ignorantes colocam em nosso cenário nacional, representantes políticos que os compram com um saco de arroz e um copo de leite. A miséria é real e crescente, cada vez mais ela bate de porta em porta a procurar novas moradas. A desigualdade social, cultural e econômica é maior a todo instante, chegando a números preocupantes. Como mudar esse quadro, Juscelino? Sendo que, nossos governantes são hipócritas e aproveitadores. Só um milagre... Conversa com o patrão aí e manda uma ajuda para cá, bem rápido.
A promessa é quebrada como um galho de árvore rasa. Kubitschek, precisamos de um grande governante que cumpra suas promessas e suas metas, nos ilumine e nos livre dos Neves de São João, amém.
Minas Gerais está em segundo, terceiro plano nacional na ordem de grandeza política nos dias atuais. Os mineiros, principalmente o senhor, sempre tiveram por característica o domínio do leme da política brasileira, isto está fazendo falta para o Brasil.
A religião assumiu ainda mais o papel de militância política, mais que no seu tempo. Todos os dias aumentam o número de miseráveis e consequentemente de presas fáceis para os falsos profetas. Estes fazem lavagem cerebral nos desesperados e elegem seus milionários disseminadores de mentiras.
A poesia dos anos dourados deu espaço para a hipocrisia do tempo da latinha de alumínio. A valorização deu lugar a exploração, meu amigo JK. O descaso assola a sociedade, desiludindo e entorpecendo seu amado povo.
A população aumenta sem parar e nesse ritmo, em conseqüência, a falta de educação e de outros recursos essenciais. Falta esperança, Juscelino. O povo só tem a criatividade para sobreviver a dias cruéis e, ela não está mais adiantando sozinha, perante tanta dificuldade. Queria ter 10 % de seu carisma e simpatia, mais 10 % do seu poder de ação e coragem. Pegar tudo isso e poder melhorar a vida de um povo sofrido, mas, merecedor de uma realidade mais iluminada.
Venho informar a realidade e pedir ajuda ao senhor por meio desta. Acima de tudo, agradeço-lhe por todo serviço prestado ao povo brasileiro, principalmente mineiro e belo-horizontino.
Tomara que os políticos observem bem os programas sobre a vida do senhor. Não ignorem um talento político-humano fora do comum e absorvam o necessário para fazer cada cidadão sorrir com todos os dentes na boca.
Já ia me esquecendo: sobre sua morte, foi acidente ou não?(acidente? Na Via Dutra, São Paulo, 1976). Trinta anos de saudades!





Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 06 de Fevereiro de 2006.

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