sexta-feira, 8 de junho de 2007

poema 22/02/2006

Imaturidade trava o amor


Uma declaração instala o medo no covarde
A criatura foge e quando acorda já é tarde
Os conflitos não deixam o sentimento a vontade

Qualquer clima vira rotina
A falsa liberdade fascina
A saudade é uma companheira que azucrina

O carinho dá lugar a impaciência
As decisões beiram a demência
O que prevalece é a ausência

A agressividade mina o real respeito
A cobrança é um elemento suspeito
O arrependimento arde no peito

A sintonia se esfria
No coração só há sangria
A vida fica sombria

Os momentos são assassinados
A felicidade esbarra em tratados
A solidão não deixa recados


Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock ´N Roll
BH, 22/02/2006

poema 07/03/2006

Sociedade cega


A violência domina a era da demência
O talento sucumbe ao lamento
A hipocrisia estabelece supremacia

A futilidade é a falsa verdade
O imundo arrendou o mundo
O egoísmo é o mais cruel terrorismo

O cidadão é o simples brinquedo de eleição
O critério nunca é levado a sério
Salário se transformou em benefício de otário

A tristeza é real face da infame beleza
O político é um infiel analítico
Um militante virou um ser pedante

O sofrer é um estilo imbecil de se viver
O medo não é mais nenhum segredo
O crime se desenvolveu em faculdade sublime

O juízo virou prejuízo
O compromisso é omisso
O carinho perdeu seu ninho


Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 07/03/2006

poema 15/06/2006

Patriotismo fajuto


Ano de copa é sinal de enganação
No fim do ano tem eleição

O fanatismo pelo Ronaldo
É um investimento sem saldo

O povo só pensa no parreira
Enquanto sua conta está uma peneira

Esquecem a política
Só se dedicam à cultura etílica

O futebol enaltece a alegria
No congresso eles reforçam a putaria

Os jogadores só pensam nos milhões
A torcida cansa os pulmões

O bandido usa a camisa canarinho
A população esquece o seu caminho

A corneta só serve para comemorar
Quando poderia ser usada para tentar mudar

A mobilização é uma falsidade
Em outras épocas nem se lembram de agir em sociedade

A copa do mundo é como o natal
A hipocrisia é fatal


Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 15/06/2006

poema 15/05/2006

O frio da noite


> A solidão corta a madrugada com a navalha de gelo
> O sofrimento gera um ofegante apelo
> A saudade é uma carta sem selo
>
> A dúvida invade a alma
> O medo é uma tempestade que não acalma
> A distância impõe o trauma
>
> A imaturidade desmorona rochedos
> A noite esconde sombrios segredos
> A ilusão encobre os verdadeiros medos
>
> A rotina afasta a criatividade
> A vida independe da sociedade
> Relacionamento não é caridade
>
> A carência é uma fatal doença
> O combate final é contra a falsa crença
> A paixão não pede licença



Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´ Roll
Brasília, 15/05/2006

poema 13/02/2006

Daniela


Fruto complexo cor de canela
Das moças é a mais bela
Sensualidade que não apela

Flores do campo se inspiram nela
A paixão é louca e sem cela
Um dia longe dá uma saudade que mela

Romantismo que viaja de caravela
Gera um amor em eterna sentinela
Domina com talento uma cama ou uma panela

Seu beijo desaba qualquer cidadela
Seus traços são mais preciosos do que a aquarela
Seu valor não consta em qualquer tabela

Sua morenice enlouquece a tela
Seu sorriso é livre como um barco à vela
O carinho é a parte mais linda que emana dela



Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 13/02/2006

poema 27/03/2006

Criaturas da noite


O sorriso falso é uma bota sem calço
O colega não é algo que apega
A intimidade gera falsidade

O covarde deixa na vontade
O superficial gera o erro fatal
A plenitude mata a atitude

O mágico se transforma em trágico
A loucura é benéfica com estrutura
O vampiro existe desde a época do papiro

A tragédia vira comédia
O juízo vira prejuízo
A maldade cursa universidade

O drama busca fama
O viajante busca o fim alucinante
O demente vira crente

A morte é a roleta russa da sorte
A marca persegue o patriarca
O amor é um iludido ardor



Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
Brasília, 27 de Março de 2006

poema 28/05/2006

Metralhadora de mágoas


O terror abafa o amor
O carinho busca padrinho
A rotina vira sina

A ignorância sucumbe à tolerância
A pilantragem viaja no mar de sacanagem
O cinismo macula o otimismo

O sagrado é abandonado
O sociopata é um frustrado democrata
O crime virou uma prática sublime

A falsidade é o câncer da sociedade
A tragédia virou estratégia
A alegria é milagre de algum dia

A lei do mais forte é esporte
O drama é um constante programa
O egoísta é um inconsciente terrorista



Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
Brasília, 28/05/2006

poema 29/07/2006

Conseqüências

A felicidade pode inibir a saudade
A sorte encobre a morte
O carinho busca o sozinho

A natureza investe a certeza
O animal transcende o normal
A luz nem sempre traduz

A ponte interliga o horizonte
O mercado limita o cercado
O reflexo não vem com nexo

A loucura é uma gostosa travessura
A mágoa é um piso sem tábua
Amar é a simplicidade de doar

Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
Governador Valadares, 29/07/2006


poema 14/08/2006




Trovador solitário...


Penso o passado, fica salgado, deixo recado
Dispenso o abandono, cachorro sem dono, um rei sem trono
Calibro a saudade, louca verdade, absolvo a liberdade
Atiro no fantasma, a vida em tela de plasma, o suspiro sem asma
Desejo a rotina, a vida é uma sina, a política é uma mina
Abomino a ignorância, crianças sem infância, o careta corta sua ânsia
Danço com a hipocrisia, a soberba está em primazia, o discurso dá azia
Escapo do abismo, a bondade resgata o otimismo, combate ao cinismo
Peço voto de pobreza, ignora-se a real beleza, os corações estão à mesa
O mal pede passagem, a mentira é eterna paisagem, o fim é uma constante viagem
Tente pelo amor, fuja do horror, do bravo resta o ardor
O carinho marca, muito mais que uma faca, a maldade é fraca




Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
Governador Valadares, 14/08/2006

poema 17/09/2006

O beijo do diabo


A criatura vence a vontade
A luz iguala e conduz
A onda muda a ronda

O sacrifício abre para o desperdício
O rato é testemunha de fato
O romantismo beira o abismo

O recurso pediu concurso
A moça despertou a força
O medo liberou o segredo

O consagrado caiu em desagrado
O sensual liquidou o casual
O calor calou o falso ardor

O romance pede última chance
O prático esquentou o ar ártico
A fibra vale bem mais que a libra

O sexo nem sempre dá nexo
A rotina gera neblina
A tentação vence a razão


MARCELO G. DOS SANTOS
PAIXÃO, GOL & ROCK N´ROLL
GOVERNADOR VALADARES, 17/09/2006

poema 07/11/2006

Chuva de Mentiras


O céu cinza prende a brisa
O inútil tem um padrinho útil
A sorte é um desejo forte

A traição é tradição
O direito virou conceito suspeito
A safadeza suplantou a beleza

O talento suplica ao relento
A morena não se leva com uma bela cena
O sacrifício é objeto de hospício

O samba deixou a gente bamba
A meiguice perdeu para a chatice
O carinho sucumbe sozinho

O sexo não deixa mais ninguém perplexo
Os periódicos estão cada vez mais ilógicos
A crítica é mítica


Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 07/11/2006

poema 20/11/2006

Velha Boemia


Só o enlato manda seu recado
A tradição pede eleição
O boêmio perdeu espaço no novo milênio

A saudade se transforma em crueldade
O mineiro perdeu seu terreiro
O bar deixou de ser lar

O clube da esquina não mais fascina
A cultura perdeu sua loucura
O resgate é único engate

A pobreza perdeu sua sutileza
A malandragem não abra mais passagem
O romance ficou para o último lance

O craque explode menos que um traque
A poesia virou exclusividade de uma pequena burguesia
O velho deixou de ser referência sendo simples demência

O carnaval ficou anti-cultural
As flores devem retornar aos amores
O bate-papo de boteco deve voltar a ser concreto


Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 20/11/2006

poema 29/11/2006

A ignorância gera sofrimento


O orgulho é um perfeito bagulho
O perfeito sempre tem defeito
Ser pobre nem sempre transparece um coração nobre

A riqueza se compromete com a pobreza
A sociedade cobra a vaidade
O bem material é irreal

A incoerência vem da perda da decência
O voluntário é tido com otário
A falta do sorriso é a escassez do improviso

A revolução é saída para uma ignorante nação
O criador não gera dor
Evoluir é lutar e deixar fluir

O tesouro está longe de ser o ouro
O sustento gera tormento
A ideologia é uma complexa companhia

O impulso pode gerar um abafado soluço
O excesso é a arma do processo
A injustiça gera cobiça


Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 29/11/2006

poema 15/12/2006

Natal de Mentiras...


O espírito de natal anda muito mal
O capitalismo jogou as pessoas no abismo
A preocupação venceu a oração

A falsa paz se encontra na batalha por uma camisa do taz
A dádiva não se compra, se ganha
A necessidade se perdeu na vaidade

A carapaça se encaixa na cachaça
O mercado manda seu fútil recado
Na época natalina o dia-a-dia não gera simpatia

Os presentes são de sentimentos ausentes
A ignorância mata a presença da infância
O vinho não se aquece o ninho

A época é de demência no reino da impaciência
O santo perde seu manto
O pedido é de juízo

O amor está com um fatal tumor
A justiça se perde na burocrática preguiça
Deus nunca gera adeus



Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 15/12/2006

poema 29/12/2006

O stress e a ignorância


A desavença se acentua na falsa crença
A morte vira suporte
A criatura procura a tortura

As futilidades acendem a feira das vaidades
O ser vingativo só enxerga este objetivo
A intolerância se multiplica em abundância

O sofrimento só gera lamento
A caridade fica na saudade
A vitória fica aleatória

O amor é dissolvido pelo terror
O desgosto da vida abre mais a ferida
O egoísmo proclama o cinismo

A alma clama por calma
A bobagem se solidifica na paisagem
Libertar é abdicar

O orgulho acende o bagulho
A paciência pede clemência
O conflito gera um ser sempre aflito



Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 29/12/2006

poema 09/01/2007

Terapia do amor


Um sorriso acaba com o prejuízo
A amizade dá força a vontade
O calor toma o lugar da dor

Um cordel leva ao céu
Uma viagem purifica a paisagem
Um solitário não é proletário

Um emprego resgata o sossego
O carinho não anda sozinho
O perdão mata a solidão

Amar é fazer sonhar
O carma é uma fiel espada
A magia não é teoria

A natureza não esconde a beleza
Enxerga e não nega
O sexo indica o reflexo




Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 09/01/2007

poema 15/01/2007

O espírito de amar


O sonho encontra a realidade
A busca é por uma eterna saudade
A marca não escolhe idade

O acaso deixou de ser bobagem
A crença por uma única viagem
Os erros nos dão bagagem

A ninfeta fascina
A mulher domina
O homem se contamina

O monstro da solidão perde terreno
O amor atinge o auge, sereno
O carinho é um ser supremo

A sensualidade é a pimenta
O gingado arrebenta
Adivinhar pensamentos se tenta

O fascínio não tem regra
O segredo é a coragem e a entrega
Depois de mordido o ser não sossega



Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 15/01/2007

poema ll 01/02/2007

Mudança de hábito
radical


Da lua como o sol
Do motoqueiro com o cerol

Do dia com a noite
Da igreja com a boite

Do cruzeiro com o Atlético
Do criativo com o patético

Da lésbica com a puta
Da praga com a fruta

Do radical com o conformado
Do recém nascido com o abortado

Do louco com o careta
Do funk carioca com a opereta

Da mosca com a aranha
Do correto com a artimanha

Da frustração com o amor
Do orgasmo com a dor

Da ignorância com a cultura
Da liberdade com a ditadura


Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 01/02/2007

poema 01/02/2007

Mudança

Do falso amor
Do seu teor
Da vida e seu ardor

Da música comercial
Do mentiroso carnaval
Na corte marcial

Da hipocrisia
De filosofia
De volta a poesia

Da falsa amizade
Da falta de caridade
Do mito da sociedade

Do desemprego
Da falta de sossego
Do egoísmo e seu apego

Da rotina
De trás e de frente da cortina
Da noite trocando com a matina

De decência
De essência
Do retorno da inocência

Marcelo G. Dos Santos
Paixão,Gol & Rock N´Roll
BH, 01/02/2007

poema 27/02/2007

O amor é a autoridade


O policial perde para o fundamental
O carma supera a arma
O fugitivo busca incentivo

A violência é a prática da demência
A firmeza não é a ausência de delicadeza
A vontade supera a adversidade

A crença supera qualquer doença
A cura se encontra na água pura
Conquistar é abrir e amar

O humilde transforma o que agride
O exemplo é o templo
O perdão libera uma obsessão

Lei não depende de rei
Obedecer é saber crescer
Didática depende prática

O melhor nem sempre está ao redor
O renascimento cessa o sofrimento
Um líder verdadeiro é sempre empreiteiro

Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 27/02/2007

poema 11/04/2007

O que reluz nem sempre é ouro


O adultério é critério
A traição é vocação
O covarde e a única verdade

O casamento e o sacramento
O viciado vê na droga um achado
O desastre abre contraste

O torpedo destrói o rochedo
A jogatina se livra da rotina
A fumaça encontra a cachaça

A busca pela felicidade se rende a saudade
A criatura sofrida ataca ferida
O exemplo é o templo

A consciência condena a demência
Impor e dispor
Calar é sempre aceitar

Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 11/04/2007

texto 10/09/2003

O tempo não é a cura para tudo


Você com certeza já ouviu essa expressão: “O tempo é remédio para tudo na vida”. Isso não é uma verdade completa. As pessoas magoam e são magoadas relegando a responsabilidade de cicatrizar as feridas para o tempo. A realidade é que se não for feita a nossa parte, o tempo não irá fazer isso para nós.
O amor nos dias de hoje é deixado em segundo, terceiro, quarto plano. Os seres praticam suas ações com uma visão egoísta de um eqüino (que me desculpem os eqüinos, animais trabalhadores e que sabem viver sua vida muito melhor do que nós), não se preocupam se outro irá sofrer com suas decisões.
Vivemos em um mundo de usar e ser usado, a realidade do hoje eu faço, amanhã eu esqueço. Como diria Frejat: “Todo mundo é parecido quando sente dor” mas, esta dor é subjugada por um sentimento de superação falso.
O ser humano rebate o sofrer com mais dolor, ele machuca para sentir banida a dor que queima seu coração tão abandonado. Doce ilusão, não tem como plantar cactos e colher rosas.
A coragem é a arma da verdade, ela não atribui aos outros o poder de superar nossas aprovações. Cada um tem que encarar seus próprios fantasmas de frente, vencendo-os com o renascimento do sorriso no rosto do próximo.
O segredo da felicidade não se encontra nas bulas de remédios, genéricos ou matriciais, encontra-se dentro de nossos corações, todos temos uma capacidade original e não vendável par ser feliz. Muitas vezes nos sentimos derrotados, mas isso não é durável, pois ainda temos vários azes em nossas mangas para ultrapassar nossas adversidades.
O transitório é opaco e nebuloso, causa medo e repulsa, mas é real e temos que encara-lo. Realmente tudo na vida pode passar, se lutarmos até o fim para nossa evolução de atitude e de pensamentos.
A satisfação independe do tempo, tivemos bons momentos no passado, tempos no presente e vamos ter no viradouro dia. A malícia é saber que sempre que fazermos nossa parte e esquecermos de nos acovardar no tempo, teremos o deleite que poucos, guerreiros de alma, irão saborear.
Não adianta nos isolarmos e acharmos que desta forma iremos superar o que nos aflige. Que as horas, dias, anos, séculos irão passar e vamos acordar em uma realidade cintilante. Isso nunca vai ser real, a ilusão nos leva cada vez mais ao caos.
Temos que encarar e não relegar. A fuga tapa o divino caminho e alimenta mais e mais nossas crenças superficiais. A superficialidade é o atributo dos fracos, quem é forte mostra sua verdadeira face, mesmo que seja para levar uma lambada.
Ser você mesmo é ouvir a voz do coração, que nos leva aos lençóis comungados de prazer e de razão. Não existe em mim nada que eu não me fiz. Ninguém irá nos ajudar é evoluir se nos mesmos não nos dermos uma chance.
Somente nós, poderemos expulsar nossos próprios demônios. Sendo assim, o tempo será nosso aliado, não nosso escravo ou o pajé que vai nos oferecer o feitiço da cura. Encha os olhos de determinação e busque o novo para suprimir a velhice sentimental, que faz o espírito parar de brilhar.




MARCELO G. DOS SANTOS
PAIXÃO, GOL & ROCK N’ROLL
BH, 10/09/2003

texto 27/10/2003


Nem tudo que reluz é ouro
Nem tudo que é ouro reluz


Vivian e Roberto estavam casados há quatro anos, não possuíam filhos, mas ainda acreditava-se que reluzia uma breve fagulha de amor. A mulher era publicitária, trabalhava em uma grande agência e dedicava pelo menos 15 horas do seu dia para o ofício tão idolatrado. Já o homem, Betinho, conhecido boêmio das ruas do Bairro Floresta, era formado em letras e poeta por excelência.
Vivi era a razão e Betinho era a emoção nesta comum relação. Quando ela não estava trabalhando queria ficar na sua, sem querer muita badalação. Roberto já era o oposto, dava aulas de português de reforço esporádicas, mas dedicava a maior parte de seu tempo aos amigos, muita prosa regada a tira-gosto e cerveja.
A grande verdade era que o casal não era feliz. Eles mal se encontravam para tentar fazer a relação dar um pouco certo. Betinho era o voado de natureza e Vivian era a ocupada de natureza. Só algo de extraordinário poderia sacudir ou sucumbir esse relacionamento... E aconteceu!
Betinho estava tomando sua cervejinha de duas da tarde com seu amigo Grilo, quando adentra o boteco um casal apaixonado, ela pendurada nele e ele quase engolindo ela. Não se sabia onde começava um e onde se terminava o outro. Aquela visão que causa inveja em qualquer um, sabe? O nosso poeta ficou olhando aquilo maravilhado, mas revoltado:
- Pô, Grilão olha só que paixão!!!
- É Beto, dá até vontade!!!
Roberto ficou calado durante em dez minutos olhando para o casal e observando o retrato da esposa na carteira. Virou um copo de cerveja no gás, sacudiu a poeira e imperou para o amigo:
- Grilo, eu vou correr atrás do que é meu, nesse comodismo amoroso não vivo mais!
E saiu em disparada tropeçando nos carros e cachorros pela rua.
Betinho sai afirmando para si mesmo: “Vou reconquistar minha mulher, faz muito tempo que não vejo aqueles olhinhos loucos de desejo pelo Betão aqui!”
Ele sai como um louco estabelecendo um diálogo entre ele Betinho e o Betão esquecido no passado:
- Vou até a agência daquela princesa, vou atirar todos os papéis no chão e possuir ela dentro da sua sala, fazendo todo mundo morrer de inveja com os gemidos saídos lá de dentro!
Quando já tinha estabelecido o que fazer, com um sorriso bem sacana no rosto, vem à tona o grande problema que o atrapalha a realizar seu fetiche: Onde era a agência de propaganda de sua esposa?
Ela já trabalha nesta agência desde o início do casamento, mas Betinho nunca teve a atenção de saber onde ela se localizava. Ele fica desesperado, não sabe o que fazer, mas como um bom poeta a criatividade bate a sua porta. Roberto pega o número do celular de sua amada em um papelzinho amassado dentro da carteirinha do clube.
- 9912-4536... Espera aí...Isso é um 6 ou um 8...Acho que é...Um....8....9912-4538.
- Mudo a voz, ligo para ela e digo que tenho uma encomenda para lhe entregar, do seu marido...Isso mesmo, boa Betinho! Só que, perdi o endereço passado pelo seu marido e lhe peço a localização de sua agência. Nossa Betinho você é um gênio!
Viaja o louco e lerdo apaixonado.
Betinho todo entusiasmado com sua astúcia, começa a discar de seu próprio celular o número de Vivian:
- 9912-453...Nossa sou uma anta mesmo, se eu discar do meu celular ela vai saber que sou eu!
Nossa como é inteligente!!!
Lá vai a antinha (que perdoem esses animais, que não tem nada haver com a burrice de nosso personagem) (E...burrice...me perdoem os burros também...os animais!) ligar de um telefone público para dar a discrição correta para sua abordagem.
- Alô...
- Alô...Queria falar com a senhora Vivian Lemos, por obsequio? !
- Pois não...É ela....Pode falar!
- Dona Vivian ( Betinho, com uma voz de camelô fanhoso) tenho uma encomenda do senhor Roberto Lemos para a senhora, mas perdi o endereço do seu trabalho...Tem como a senhora me passar?
- Você perdeu o endereço do meu trabalho ou do Roberto...Pois, se for o dele...Ele não é muito chegado nisso não...Aí fica difícil de te passar!
Betinho fica puto da vida, mas se controla:
- Não, eu quero o da senhora, para lhe entregar o presente!
- Então tudo bem...Anota aí rapidinho...Tenho que trabalhar...Você já tomou muito o meu tempo...Rua Pernambuco, 32 sala 1231, Bairro Funcionários, ok?
Nosso herói borrão pensa: “Nossa nem eu sabia que minha Vivi era tão chata!”
- Tudo bem minha senhora...Daqui uns trinta minutos entrego aí!
- Ok.
Desliga o telefone com a frieza de uma navalha!
Betinho era voado, mas ficou encafifado com a geladeira que sua mulher havia se transformado. Esquentou com isso não e, foi para sua empreitada!
Saiu do centro do Bairro Floresta, onde se localizava e rumou a pé mesmo, para o que acreditava ser seu destino. Andou como um condenado no deserto e chegou na portaria do prédio do trabalho de sua esposa. Quando o porteiro lhe perguntou aonde ele ia...Ele raciocinou: “Nossa, eu não comprei nem umas rosas para dar a minha lindinha...”.
Ele perguntou para o porteiro:
- Amigo, onde tem uma floricultura por aqui?
- Uns três quarteirões à frente. Nessa rua mesmo.
- Obrigado.
Como um atleta aposentado, foi-se nosso amigo para comprar as rosas da salvação. Adentrou a floricultura, cheia de diversidade e essência. Indeciso, perguntou para a balconista:
- Qual tipo de flores uma mulher gosta de ganhar?
Nesse instante ele lembrou que não dava flores para sua mulher desde a época que namoravam.
A vendedora respondeu:
- Depende...Eu gosto de rosas amarelas.
- Então...Vão essas aí.
Pegou o buquê e se encaminhou seguro da situação para o destino anterior.
Entrou no prédio, deixou os dados com o porteiro e pegou o elevador que iria o levar a consagração idolatrada.
A campainha dos andares apita 12º, seu coração dispara, estava perto o destino almejado!
- 1201,1212,1216,1226...Nossa, tem sala demais nesse andar...(Todos os andares tinham o mesmo número de salas, mas para ele pouco chegado em prédios...).
- 1231 achei!!!
Uma sala toda cheia das nove horas, cheia de pompa. Ele avista uma moça sentada em uma mesa no fundo:
- Por favor, queria falar com a publicitária Vivian Lemos? !
- Pois não, qual o seu nome?
- Fala que é uma entrega especial e é para ela aguardar em sua sala que eu irei entregar lá!
- Tudo bem...Dona Vivian tem uma entrega especial para a senhora...Não, o rapaz disse que para a senhora aguardar em sua sala que ele vai entregar pessoalmente. Então eu falo...Obrigada.
- Rapaz, ela falou para você deixar a entrega aqui mesmo comigo. Dona Vivian está muito atarefada e não poderá lhe receber!
- Senhorita é muito importante eu ir até lá e fazer essa entrega, me entenda, por favor!
- Sinto muito...Mas ela deu ordens restritas e eu tenho que cumpri-las.
- Vou abrir o jogo com você...Sou marido da Vivian e quero lhe fazer uma surpresa...O que tenho aqui são flores e você vai deixar entrar agora, combinado?
- Tudo bem...Não precisa se exaltar, mas explique a situação para Dona Vivian, senão perco meu emprego!
Assim, Betinho adentra o recinto. A agência era uma verdadeira loucura, telefones tocando ao mesmo tempo de segundo em segundo, mulheres e homens com cara de zumbis, colecionando olheiras ancestrais. Nosso poeta parou e pensou um pouco: “Será que minha Vivi também está nessas condições? Estressada, com cara de morto-vivo? Acho que não, ela tem a mim.”
Doce ilusão!
O momento em que ele abre a porta, com uma placa imponente escrita em letras garrafais, Vivian Lemos Diretora de Marketing, ele vê uma mulher fumando um cigarro compulsivamente e com milhares pela metade no cinzeiro, gritando com um cliente no telefone, com umas olheiras mais destacadas do que as dos seus colegas de serviço, mas com uma fagulha de... Frieza...No olhar.
Sua Vivi o vê e faz sinal com a mão para ele sentar e esperar, ele como um bom cãozinho adestrado, obedece. Ela grita mais um pouquinho com o cliente na linha, fuma mais uns quatro cigarros pelo meio e desliga o telefone. Depois, aborda nosso medrado letrado:
- O que você está fazendo aqui, Betinho?
- Vim te ver, meu amor...
Escondendo as rosas atrás, nas costas.
- Veio me ver...Para quê? Estou muito ocupada, como você próprio pode ver.
Toca o telefone mais uma vez...
- Não quero saber...A campanha tem que ficar pronta até terça-feira...Senão mando você embora e contrato outro para o lugar antes mesmo de você sair do prédio!
Ela desliga e pergunta:
- Onde estávamos mesmo? Ah sim, querido, por favor, vai embora e conversaremos em casa. Estou muito ocupada, beijinho. Já o colocando para fora da sala e imediatamente laçando o telefone.
Betinho, completamente sem fala, tenta balbuciar algo, mas a única coisa que vem é uma lágrima que corta em pedacinhos o seu tolo coração e o faz guardar as flores dentro de seu casaco.
Ele sai do recinto, dá um tchauzinho sem graça para a recepcionista e fica olhando inerte para o botão que chama o elevador. Uma mão suave ultrapassa o seu corpo de obstáculo para a chamada do elevador e tecla o botãozinho para ativar a chegada do carregador de corpos. Ele olha para o lado, promovendo seu primeiro ato de verdadeira ação depois de sua desilusão e vê uma morena de cabelos longos, alta, olhar instigante e com um sorriso ardente nos lábios.
Aí então ele ouve aquela voz que mais parecia uma canção dos Beatles:
- Nossa está quente hoje e esse elevador demora tanto, não acha?
Ele completamente entorpecido com a melodia daquela deusa faz um esforço sobre-humano e consegue falar um condizente: É!!!
Já dentro do elevador a morena com um ar de preocupada questiona:
- Você está bem. Está sentindo alguma coisa? Você está pálido! Vamos parar na garagem, tenho uma maleta de remédios em meu carro.
Sem tempo de responder o elevador os deixa na entrada da garagem e, a diva o conduz pelo braço, como se leva uma criança depois de uma injeção de bezetacil.
Chegando ao carro, ela abre o porta-malas e tira de lá uma delicada maleta lotada de medicamentos mil.
- Sou meio compulsiva com remédios, detesto dor...A não ser aquelas que não machucam, que nos molham e nos fazem ver o paraíso...
Dá uma risadinha sacana...Quase estimulando um orgasmo em ambos.
Ela volta a abordar nosso querido zumbi:
- Você está sentindo o quê? Dor de cabeça, tonteira? É diabético, toma algum remédio controlado?
E nada de Betinho responder. A única coisa que sabia fazer é olhar com uma cara de cachorro pidão para ela.
A morena apela:
- Ô, meu querido...Fala logo o que você tem! Quer saber, vou é embora!
Como se um raio tivesse ativado o seu cérebro, Betinho sai de seu transe:
- Vai embora não...O que tenho é uma tremenda dor no coração!
Ela se desespera:
- Você está tendo um enfarte...Por isso não falou nada...Vou ligar para uma ambulância...
Já pegando o celular...
- Calma, estou bem no aspecto físico... Minha dor se consiste bem internamente...Na alma.
Sem esperar reação da linda morena, nosso galante olhou bem nos olhos daquela deusa carinhosa e lhe lascou um beijo mais do que de novela, que arrancou suspiros até do mais frio dos espectadores.
Esse beijo ligou o motorzinho do amor e do prazer nos dois e, naquele chão de garagem se iniciou a mais ardente concepção de paixão, que nenhum dos amantes envolvidos poderia esperar àquela altura de um campeonato repleto de novas e loucas emoções.
Depois de uma libertação de almas e gozos, nosso poeta renovado abre o casaco e pergunta:
- Você gosta de rosas amarelas ???
MARCELO G. DOS SANTOS
PAIXÃO, GOL & ROCK N’ROLL
27/10/2003

texto 04/11/2003

Respirando injustiça e aspirando coragem


Quanto mais repugnamos injustiças, mais elas aparecem para nos testar. Isso acontece com freqüência com relação a pessoas que achamos que conhecemos, no meio profissional e de nossa família. Não adianta, exemplos sempre vão ter: Lembra do trabalho bem feito que você fez e ninguém elogiou. E da garota que você fez de tudo por ela e o que você mais recebeu foi falta de consideração! Não esquente com isso não, tudo tem sua hora e nada é por acaso. Podem ser frases batidas, mas são muito verdadeiras. Nada na vida é fácil, mas muitas vezes fazemos nossa parte e ainda levamos ferro! Por que? O porquê é simples, não é para ser. O que achávamos o caminho correto não era a trajetória real de nossa felicidade.
Várias pessoas vivem anos de mentira e desilusão acreditando ser este o destino traçado pelo divino. Nunca, nossa felicidade depende de nossa visão, de aceitar as imperfeições e não dar um passo maior que nossas pernas. Tudo tem seu momento e tudo é conquistado. As coisas estão dando para trás, então, com certeza, estamos apostando em um caminho difuso de nossa alma.
As injustiças realmente acontecem, temos que lutar contra elas de uma forma inteligente, sem desespero, usando da sutileza, aspirando amor, natureza típica dos mais clarividentes. Se os seres de sua convivência conspiram contra você é porque sua relação com estes seres deve se finalizar.
É chegada a hora de galgar novos caminhos, ninguém merece as trevas em lucidez, mas com os olhos vendados tudo é merecido. Um amor mentiroso não vai para frente, isso em qualquer relação, de amizade ou carnal. A mentira que mata não é a contada é a vivida. Viver um ato mentiroso é destruir sua alma aos furacões. Um sopro balança, mas um vendaval desmonta e apavora. A coragem de assumir a mentira corrompe a injustiça, tira suas forças, liberta o espírito dantes amargurado.
Assuma seus limites e os coloque em evolução, os supere e faça de suas relações verdades em evidência. Credite os valores a quem merece e será correspondido em louros satisfatórios. Se delegar valor a quem não comunga de sua sintonia, irá vagar nas profundezas de um mar repleto de frustração e medo de colocar a cabeça para fora d’água.
O ser humano só enxerga seu erro quando a fatalidade bate a sua porta, neste instante pode ser tarde e ridículo chorar pelo cometa que já passou. Devemos aspirar pela coragem, repugnar o medo e comungar pelas belas lembranças, pois a consciência de uma tarefa bem executada supera qualquer falsa ilusão latejante.
O ar da injustiça entra em nossos pulmões e corta a carne, a luta aliada à ternura modifica até nosso respirar, passamos a divulgar a felicidade em doces suspiros para a multidão. Mais vale a sinceridade dura do que a hipocrisia maliciosa. Ouça os verdadeiros amigos, pois suas críticas por mais que pareçam descabidas são pertinentes. Os fingidos são doces e amáveis, quanto menos se espera você já está envolvido e futricado.
O injusto é o que não reconhece a falha e a delega a você. O lícito não só assume sua arrogância, como pede que você o doutrine, para ele não derrapar nesta curva novamente. Tenhamos tanto a coragem de aceitar nossas limitações, como de buscar aperfeiçoar nossas dádivas. Ninguém é sábio suficiente, mas está cheio de falsos sabidos por aí, cometendo injustiças mil e muitos nem estão percebendo. Deus é o único dotado de infinitos poderes, quem quiser disputar em igualdade, deve-se descartar de nosso convívio.
Cabe a cada um correr atrás de sua linha na cocha de retalhos da felicidade. Mas, cuidado, esse caminho é cheio de enganos. Muitas coisas que parecem ser a luz são armadilhas para testar nossa capacidade de receber o tônico da plenitude de se ser feliz.
A luminosidade está enrustida em nossa alma eterna, sempre esteve lá e muitas vezes já gozamos de seu sabor. Mas, por ocasião das desilusões, que julgamos pobremente injustas, nos esquecemos que a luz está ainda a brilhar e que podemos desfrutar de sua essência com nossos amados seres.


MARCELO G. DOS SANTOS
PAIXÃO, GOL & ROCK N’ROLL
BH, 04/11/2003

texto 19/12/2001

Mariguella: um exemplo eterno

A nossa sociedade tem uma memória muita curta, idolatra personagens sem muita importância real, como Carla Perez, Xanddy, Tiazinha e Feiticeira. A cada verão elege a personalidade que deve ser alvo do foco da mídia. Os meios de comunicação são responsáveis por constante super exposição de pessoas que não acrescentam nada a nossa vida, que serão esquecidas facilmente.
Um exemplo de memória fraca ou até a falta dela é o caso do aniversário da morte do ex-guerrilheiro Carlos Mariguella, morto pelos militares no dia 04/11 de 1969. Poucos veículos de comunicação falaram algo sobre a morte do ex-líder do partido comunista, preferindo falar de assuntos como quem saiu da Casa dos Artistas ou do programa No limite.
A única e esplêndida exceção foi a TV Cultura, que na noite do último sábado passou um documentário de mais de uma hora falando da vida de um dos símbolos de coragem e determinação em nosso país.
O programa fez um retrospecto da vida do ex-político e guerrilheiro, apresentando às novas gerações a dificuldade que era defender um ideal popular na época da ditadura. O documentário foi uma luz na trevosa realidade da mídia no Brasil, um país com tantos e pouco reconhecimento a quem realmente merece uma bela lembrança. O ideal de uma época foi mostrado, e torcemos para que sua essência seja absorvida por uma geração conhecidamente alienada.
Vivemos uma atualidade de falta de interesse pelo importante e devoção ao entretenimento, o que queremos é programas que nos façam fugir da realidade, de ídolos populares com uma vida glamurosa, concedida pela falta de inteligência de muitos. O que precisamos é de programas que nos mostrem o real, que nos façam pensar e almejar mudanças, criando cidadãos conscientes e corajosos, prontos para lutar pelo bem comum. Temos carência de líderes como Mariguella, mas estes só aparecem com uma boa base, não se pode surgir pessoas como o ex-guerrilheiro em um país devoto a Xuxa e a novela das oito.

Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 19/12/2001

texto 19/02/2004

Um carnaval de sentimentos


Chega a época mais esperada pelos foliões de plantão, carnaval de sonhos, carnaval de pesadelos. Festa popular que excita, feriado que incita, a feitura de besteiras muitas vezes irremediáveis. Paixões são despertadas com o ritmo quente dos tambores, dos pandeiros, da bateria, mas desilusões podem estar sendo escritas sem o pensamento do narcótico carnavalesco.
Sentimentos estão à flor da pele nesta época do apogeu do verão, os bons e os ruins. Nosso espírito primitivo pede passagem na passarela, cabe a nós, saber o espaço que podemos concede-lo sem nos deixar tomados pelo instinto animal. Farriar, diversão, folia, é louvável e necessário na vida do ser humano, ainda mais do brasileiro, mas tudo tem seu limite e seu sentido.
Temos que ter compromisso com o nosso coração, respeito por si e pelo próximo, cada um tem seu espaço e isso deve ser conservado, sem excessos. Muitos chegam no carnaval e querem chutar o pau da barraca. Todo o ano eles foram certinhos, trabalharam, foram fiéis a suas famílias, mas na época do Rei Momo querem aprontar. Estão dispostos a esquecer seu caráter e índole no casaco do paletó, saindo de braços dados com a putaria dentro de sua fantasia de pirata, o saqueador dos setes bares.
A fidelidade só é utilizada verdadeiramente quando se há um real amor, por nós mesmos ou pelos outros. Quando se finge que ama o ser comporta-se todo o ano, maquinando a ocasião que vai dar um beijo aflito de paixão nos lábios tentadores e perigosos da traição. Quer ocasião mais apetitosa para os traidores do que o carnaval? É no meio do desfile que os compromissos falsos são ignorados e as garras da paixão arranham toda a carne louca de desejo.
Quem ama de verdade almeja já ir para a festança com a criatura digna de seu amor, não fica procurando sua alma quase gêmea dançando a moda do tira e põe, pode acontecer, mas sinceramente, é muito complicado. É melhor e bem mais certeiro buscar a felicidade em um lugar que não seja regado de sentimentos infiéis à cultura do amar.





Nós temos que conviver com vários demônios dentro de nós, mas soltar todos ao mesmo tempo em uma determinada situação não vai nos aliviar, mas sim, jogar mais peso futuro em nossas costas. Aproveitar o carnaval é um direito de todos, está em nosso sangue o som das cuícas roncando, mas tudo na vida tem o seu limite, tudo que sobra se perde e, às vezes é para todo e longo sempre.


MARCELO G. DOS SANTOS
PAIXÃO, GOL & ROCK N’ROLL
BH, 19/02/2004

texto 31/03/2004

Golpe Civil

Estamos vivendo 40 anos do golpe militar, ouça bem, golpe militar, não revolução de 64. Um golpe que foi uma vergonha introduzida pelos militares, fantoches medíocres dos estadunidenses, que mancharam nossa história com o sangue de guerreiros que buscavam só uma janela para respirarem um ar verdadeiramente puro.
A cultura foi uma arma sutil contra o abuso da antidemocracia, nós, brasileiros, crescemos nosso poder de comunicação inteligente, agentes secretos contra um governo de mulas cegas e loucas para dar um tremendo coice.
Hoje, século XXl, vivemos uma ditadura civil, o povo não tem o direito de viver, só de sobreviver. O ritual do sub-emprego e da renda miserável está sendo jogado goela abaixo dos cidadãos brasileiros. Os ricos cada vez mais ricos e os pobres muitas vezes desencarnam antes de aparecerem nas estatísticas.
Os mesmos poderosos da época do golpe militar estão no comando do golpe civil. O capitalismo cada vez mais, vai tentando matar o espírito e está produzindo em larga escala, uma série de zumbis que nascem de cartão mastercard dentro das fraudas. Quem sentia na pele a censura, a repressão e lutava contra a opressão, chora com a realidade. Hoje, a maioria é vítima de uma propaganda maléfica bem feita, que entorpece e dissemina uma cultura fútil e cada vez mais inútil.
Agora estamos afogados em uma ditadura invisível. Antes sabíamos quem era nossos inimigos, agora eles nos ferram e nos não sabemos a quem procurar para decretar a forra. Nossos opressores evoluíram e nos regredimos, não temos o espírito guerreiro que tínhamos e nossos ditadores estão ainda são mais cruéis. Na época do golpe militar éramos torturados na parte física, nos dias de hoje, somos vítimas de uma tortura física, social, econômica e psicológica.
Política não é para acadêmico, é para todos, quem não se compromete com seu país, esquece-se que isto é um reflexo imediato de dia-a-dia. Hoje, vive-se em uma prisão sem grades, sem guardas, mas sem fuga. Quem tenta fugir, testa a violência da exclusão social. A única forma de derrubar o golpe civil é a união, do lavador de carros ao empresário bem sucedido.


O sucesso de um não é real sucesso, a glória é atingida pela satisfação de uma nação, da gama de pessoas. Em 85, existiu as diretas já, para redemocratizar o país, nos tempos atuais, precisamos do movimento da satisfação já. Temos que parar de nos conformarmos com salários ridículos e de suarmos para poder ter um segundo de sorriso.
O país é nosso, o direito a igualdade é nosso, vamos botar para fora a ditadura dos capitalistas e colocarmos a justiça no poder. Vence quem merecer vencer, não o que é filho do diretor chefe. Vamos adentrar a era do talento e expulsarmos a era do jeitinho, do QI (Quem indica).
Somos dominados pelos países do 1º eixo, por sermos desorganizados e injustos com nós mesmos. É como os portugueses dominaram os índios em nossos primórdios, por desconhecimento de nosso próprio potencial. Fora colonialismo e imperialismo. Vamos dar boas-vindas a revolução do amor, da satisfação, da justiça, da igualdade.
A palavra de ordem é a evolução, nossa política tem que evoluir, nossos espíritos tem atingir o grau da evolução de luz. Luz que nos guia no caminho do descaso que vivemos a tanto tempo. Ditadura de qualquer forma nunca mais, nossa cultura é que tem que evoluir não a forma de dominação. Uma ode ao pensamento e uma vaia ao conformismo!




MARCELO G. DOS SANTOS
PAIXÃO, GOL & ROCK N’ROLL
BH, 31/03/2004

texto 30/06/2005

A escravidão ainda é aqui...


Inocentes daqueles que pensam que a escravidão foi abolida em 1888. Ela está aqui e ainda mais forte em nosso país, Brasil. Nem princesa Isabel conseguiria extinguir a nossa concepção atual de escravidão. Antes só os negros eram escravos, agora são pretos, brancos, pardos, índios, cafuzos, mulatos, orientais, cor-de-rosas...
O Brasil vem criando uma realidade que escraviza cada vez mais seus cidadãos. Os milionários cada vez mais abastados morrem de medo e os pobres cada vez mais miseráveis morrem de fome. Uma cultura que reforça e alimenta esta idéia é a do subemprego. Criada para explorar a mão-de-obra brasileira, iludir o empregador da terra e beneficiar somente o estrangeiro que tem mão-de-obra barata, quase dada, e um lucro gigantesco.
Quantos brasileiros têm que acordar com o galo ainda debaixo das cobertas e se transformar em sardinha dentro de uma lotação. Quantos patrícios ganham esmolas cantadas como salários e têm que virarem mandrakes, fazendo o orçamento emagrecer e satisfazer.
Nosso país é formado por muito mais bundas do que mentes. O povo é iludido facilmente, a nossa falsa malandragem nos destina ao inferno. Vivemos em uma cultura que julga esperto, malandro, o indivíduo que leva vantagem, que é piolho de sinuca de boteco. Quando os verdadeiros malandros estão roubando nosso dinheiro, rindo da nossa cara e levando para o exterior todos os dias.
As empresas multi-nacionais que arrendaram e arremataram nosso país por uma ninharia (graças à abertura imposta pelo sócio do demo, FHC), cultivam a política da hipocrisia, da ilusão. Fazem gincanas, sorteios de brindes, promovem a interação dos funcionários, quando o real objetivo não é o bem de seu trabalhador (se fosse, simplesmente pagariam salários descentes) e sim engana-los, fazendo–os esquecer os salários de fome e exploração que são submetidos. Essa realidade está longe de acabar, pois a acomodação e a falta de ideais do povo brasileiro são problemas cada vez mais gritantes.
O individualismo burro tomou conta de nossa população, a busca pelo bem comum é o único caminho para expulsar esses vampiros de nosso convívio e assumirmos um país que é nosso. O lucro tem que ser dividido entre os que lutaram para consegui-lo, não por aproveitadores.
O subemprego busca a robotização do funcionário, faz-se uma lavagem cerebral e o transforma em uma obediente ovelhinha cada vez mais manipulável. Essa busca pela satisfação do cliente é uma descarada mentira, pois os empregadores estão preocupados somente com o lucro e o serviço prestado fica em segundo plano. Cobram do funcionário, mas, não oferecem um produto de qualidade, o cliente e o prestador são os enganados da história e as empresas de tele-marketing, planos de saúde, prestação de serviços, etc... ficam cada vez mais ricas.
Essa nova ordem só pode ser combatida com a união da sociedade contra esse mal que sucumbe o nosso dia-a-dia, tirando o poder econômico da mão do povo e o oferecendo as pessoas inescrupulosas.
O nosso país é um eterno mensalão, troca de favores entre os poderosos para ficarem ainda mais poderosos e afundarem o povo cada vez mais na sua vala (paga em um aluguel feroz), infeliz morada. Temos que focar resolver os nossos reais problemas e esquecermos os falsos problemas impostos pelos que nos querem iludir.
Só no Brasil a população trabalha cinco meses completos de um ano só para pagar os tributos (40 % do preço de uma cerveja é só tributação), uma carga tributária que não atinge as empresas estrangeiras (que não são acostumadas com esse absurdo, pois em seus países a distribuição de renda é justa). O Brasil é nação do jeitinho para os poderosos e do ferrinho para o povo.
Nossa sociedade está corrompida e aceitando migalhas que mal alimentam galinhas cada vez mais magras. Está instalada a prostituição de nosso trabalho, e o título de profissão mais digna vai para as prostitutas, que cobram para dar prazer, não dor; como esses capitalistas devassos de nosso meio social.
O país tem que trocar a filosofia da ilusória esperança pela nova concepção da atitude. Somente a atitude pode levar alguém a fugir da hipocrisia do sistema e, viver sua realidade de uma forma única, vitoriosa e verdadeira.


Marcelo G. dos Santos
Paixão, Gol & Rock N´Roll
BH, 30/06/2005

texto 08/11/2004

A ilha dos acontecimentos

Em meados de 1611 o mundo ainda vivia a época das grandes navegações, o Brasil já tinha sido encontrado pelos portugueses, a Espanha possuía diversas colônias. Mas, havia um navegador espanhol, filho de mãe italiana e pai português, chamado de Miguel Della Cruz, jovem de 25 anos, conhecido na sociedade dos grandes mares como “O navegador das 11 mancadas”. O seu apelido era por ter saído em 11 expedições marítimas e o máximo que havia encontrado era um par de botas velhas. Ele era ridicularizado pela sociedade ibérica, sua licença de navegador estava vencendo e, o presidente da sociedade dos navegadores ibéricos já havia avisado que se ele não encontrasse nenhuma nova terra em no máximo seis meses, ele poderia procurar outra profissão.
Della Cruz estava preocupado, a única coisa que ele gostava de fazer era explorar os mares. Apesar de nunca ter obtido êxito, acreditava em seu próprio potencial, pensava ter sido azarado até os atuais dias, mas sentia que o seu dia de glória estava próximo. O espanhol agora estava a organizar uma expedição para navegar pelos mares das Américas, pois acreditava estar lá seu pedaço de terra destinado. Só que ninguém estava apoiando sua iniciativa, pois acreditavam que todos os segredos que haviam nas Américas já estavam desvendados. Miguel precisava de dinheiro para a sua empreitada, mas o rei ou qualquer membro da sociedade dono de abundante fortuna não estavam dispostos a investir no jovem Della Cruz.
Miguel estava desesperado, andava pela casa como um louco, tentando pensar como obteria o dinheiro para a realização de sua investida. Não pensava em desistir, não podia desistir, era seu sonho em jogo.
Quando como em passe de mágica batem a sua porta. Ele abre e encontra um senhor de idade, aparentando mais de 60 anos, trajando roupas requintadas, dono de um olhar misterioso.
Della Cruz pergunta:
- Em que posso ajudar?
O senhor responde:
- Meu jovem, é você o famoso Miguel Della Cruz?
Miguel responde:
- Sim, sou. Mas, de famosas só tenho minhas decepções.
O velho discorda:
- Decepções são partes integrantes da vida, sem elas não poderíamos encontrar nosso verdadeiro caminho.
E completa:
- Meu rapaz, não fique assim tão negativo, pois vim aqui para alimentar seus sonhos.
Assustado, Miguel pergunta:
- Como assim, não estou te entendo senhor.
O senhor misterioso explica:
- Jovem navegador, sou eu a solução para seus problemas financeiros, sua grande vontade me trouxe para socorre-lo.
Della Cruz sem entender nada indagou:
- O senhor andou abusando do vinho?
Sorrindo o senhor responde:
- Não querido amigo, não estou embreagado, sou um anjo e vim à Espanha para guia-lo para o caminho traçado em seu destino.
Della Cruz sem paciência soltou:
- Não estou precisando de anjo neste momento, preciso sim, é de dinheiro para contratar homens e reformar meu barco para viajar rumo as Américas.
O anjo o interrompeu tirando uma saca do bolso e disse:
- Tome seu dinheiro, aqui tem 200 moedas de ouro mais do que suficiente para você cobrir todos os seus gastos, mas tem uma condição para eu te dar esse benefício.
Miguel embasbacado com tanto dinheiro falou:
- Pode pedir o que quiser que eu farei qualquer coisa.
O misterioso anjo complementou:
- O que eu quero é que você encontre seu nativo sonho e coloque o meu nome neste pedaço de terra, pode ser?
Miguel eufórico nem prestou atenção direito, envolto com o brilho do ouro .
O anjo perguntou novamente:
- Então, nobre rapaz, temos um trato ou não?
- Sim, temos sim, nem dando bola para qualquer tipo de promessa.
Nisso o anjo entrega-lhe o ouro e desaparece como um passe de mágica.
Della Cruz não acreaditava que seus problemas financeiros estavam solucionados, agora era só correr atrás de seu sonho, mas tinha prometido algo para o anjo; o que era mesmo?
Indagou sozinho:
- Deixa pra lá, não deve ser importante!
Nosso navegador reune sua equipe e já se prepara para a aventura em busca de um sonho que apesar de Miguel ser jovem já tinha sofrido tantos tropeços em sua eterna busca.
Um dia chuvoso na parte sangue quente da europa, tudo pronto para a navegação apesar das condições climáticas ruins, lá se vai nosso jovem e persistente amigo navegador.
Já se passam dois meses de alto mar, Miguel está cansado, mas confiante, estavam navegando águas latinas. O clima era ótimo, muito sol e um céu azul de brigadeiro, para falar a verdade toda a tripulação estava derretendo de calor, pouco acostumados com o intenso calor dos trópicos. Della Cruz nunca tinha chegado tão perto de seu objetivo, nas outras onze vezes faltou suprimentos, tiveram problemas de doenças, mas desta vez, graças ao vil metal do anjo levaram uma equipe com médico e enfermeiros para o mar, estavam preparados para descobrir o mistério do desconhecido.
Batiam as badaladas do terceiro mês de navio, os marinheiros estavam desanimados, mas Miguel não descia um centímetro de esperança, iria vencer qualquer desafio. Anoitece um grande cinza, um nevoeiro cobre até os pêlos do nariz, a tripulação teme pelo pior pois não sabiam para onde o mar iria lhes levar.
Della Cruz grita para todos:
- Nós já estamos três meses neste mar guiados por bússulas e cálculos e não tivemos êxito, vamos relaxar e deixar o mar fazer este papel para nós, vamos deixa-lo nos levar para a ilha de nossos sonhos. Alguns marinheiros concordam com Miguel, outros descordam veementemente, gerando um conflito que chega as vias de fato. Miguel tenta segurar a situação, mas toma um soco na boca do estômago e fica desfalecido no convés. Como grande parte da tripulação que fica sem energias de tanto que brigaram.
Pela manhã, todos acordam com dor em algum local do corpo, mas quando abrem os olhos não existe mais nevoeiro e o que vêem a frente não é o interminável mar, mas sim terra firme e palmeiras. Miguem ainda meio bambo pelo soco tomado fica embasbacado com tanta beleza e já prepara o barco para colocarem os pés em terra firme e constatarem se aquilo era verdadeiramente real. Descem o barco e lá vão nossos bandeirantes. O primeiro a fazer menção de colocar o pé é nosso ilustre e perseverante Miguel Della Cruz. No momento em que vai pisar a areia um campo de força luminoso lhe impede a façanha e lhe atira ao mar. Todos ficam atônitos, Miguel assustado tenta novamente e vai parar ainda mais longe.Todo molhado grita:
- Mas o que é isto, é coisa do demônio, essa ilha é o inferno. E todos começam a remar, para voltar ao navio, completamente apavorados já pegando seus terços e rezando suas vãs orações. Miguel está tão atorduado que volta ao navio nadando. Chegando, vê seus homens em prantos pedindo proteção de suas mãezinhas.
Miguel chama todos e conclama:
- Amanhã pela manhã iremos de volta a Madrid, e prometo a todos os meus fiéis seguidores nunca mais irei colocar meu pés em navio, meu espírito aventureiro morre aqui, nestas palavras.
Os homens ficam surpresos, mas de tanto medo do demônio acham ser a melhor solução. Passam o dia arrumando as coisas para a volta à Europa. Chega a noite todos tristes e calados rumam aos dormitórios para recuperarem a energia necessária para regressarem pela manhã.
Miguel rola a cama todinha tentando ibernar, de tão cansado, mas demora para pregar o olho, está com medo e muito decepcionado. Como foi achar logo a Ilha do Diabo, não sabia o que iria fazer da vida e decidiu-se a aprender o ofício de ferreiro, trabalho que seu velho avô teve devoção até o dia de sua morte. Pensando no avô Miguel adormece e tem um incomum sonho, seu velho avô vem lhe visitar e lhe diz:
- Miguel lembra do anjo que patrocinou sua viagem?
Miguel responde:
- Lembro sim vovô, mas o que tem ele? Ele era eu desfarçado, já era minha intenção lhe dar todo o dinheiro que tinha guardado em vida para você alcançar seu sonho.
- Era o senhor? Indaga o marinheiro.
- Obrigado meu amado avô, mas infelizmente te decepcionei, procurava por um lugar encantado mas só encontrei a Ilha do Diabo.
O avô riu e lhe perguntou: Você lembra da condição que eu em forma de anjo lhe impus para o patrocínio desta viagem?
- Miguel encabulado responde: Sinto muito meu velho avô, mas fiquei tão fascinado com o ouro que nem prestei atenção.
O avô lhe repreende:
- Viu, nunca dê mais atenção aos bens materiais do que as pessoas, e ainda mais anjos, mas mesmo assim vou te ajudar. Ajudar como, agora só quero ir para casa e esquecer de mais essa decepção.
O avô lhe ampará e anuncia:
- Querido neto, você nasceu para a navegação, não abandone seu sonho por mais que isso lhe pareça inviável. Olhe, o que lhe pedi como condição foi que que desse o meu nome a ilha que você encontrasse, você fez isso?
- Não meu sábio avô, pelo contrário lhe coloquei o nome de ilha do diabo.
O velho anjo lhe ensina pacientemente:
- Viu por isso não conseguiu pisar o solo, pois lá é um lugar diferente, onde as promessas deve ser cumpridas, volte lá e dê meu nome e tudo ficará bem.
Nisso seu avô lhe beija a face e some como uma nuvem.
Miguel resona e acorda, o dia já está claro e seu tripulante já estão a postos para baterem em retirada. Miguel chama todos e proclama:
- Queridos amigos tinha uma revelação em sonho durante a noite, aquela ilha não é do diabo, mas sim, um paraíso em terra. E, iremos lá tomarmos posse desta dádiva que deus nos colocou. Os homens ficaram aprrensivos e disseram que não iriam mais voltar para quele lugar maldito. Miguel tranquilamente falou: Então, tudo bem. Vou sozinho. Tentaram segura-lo de todas formas, mas Miguel desceu o barco novamente e remou para a terra prometida. Chegando na margem gritou para todo o infinito:
- Eu Miguel Della Cruz batizo esta terra com nome do meu ilustrissímo avô Angel Della Cruz. A ilha Angel Della Cruz!



Marcelo G. Dos Santos
Paixão, Gol & Rock N’Roll
BH, 08 de Novembro de 2004

texto 08/11/2004

A ilha dos acontecimentos

Em meados de 1611 o mundo ainda vivia a época das grandes navegações, o Brasil já tinha sido encontrado pelos portugueses, a Espanha possuía diversas colônias. Mas, havia um navegador espanhol, filho de mãe italiana e pai português, chamado de Miguel Della Cruz, jovem de 25 anos, conhecido na sociedade dos grandes mares como “O navegador das 11 mancadas”. O seu apelido era por ter saído em 11 expedições marítimas e o máximo que havia encontrado era um par de botas velhas. Ele era ridicularizado pela sociedade ibérica, sua licença de navegador estava vencendo e, o presidente da sociedade dos navegadores ibéricos já havia avisado que se ele não encontrasse nenhuma nova terra em no máximo seis meses, ele poderia procurar outra profissão.
Della Cruz estava preocupado, a única coisa que ele gostava de fazer era explorar os mares. Apesar de nunca ter obtido êxito, acreditava em seu próprio potencial, pensava ter sido azarado até os atuais dias, mas sentia que o seu dia de glória estava próximo. O espanhol agora estava a organizar uma expedição para navegar pelos mares das Américas, pois acreditava estar lá seu pedaço de terra destinado. Só que ninguém estava apoiando sua iniciativa, pois acreditavam que todos os segredos que haviam nas Américas já estavam desvendados. Miguel precisava de dinheiro para a sua empreitada, mas o rei ou qualquer membro da sociedade dono de abundante fortuna não estavam dispostos a investir no jovem Della Cruz.
Miguel estava desesperado, andava pela casa como um louco, tentando pensar como obteria o dinheiro para a realização de sua investida. Não pensava em desistir, não podia desistir, era seu sonho em jogo.
Quando como em passe de mágica batem a sua porta. Ele abre e encontra um senhor de idade, aparentando mais de 60 anos, trajando roupas requintadas, dono de um olhar misterioso.
Della Cruz pergunta:
- Em que posso ajudar?
O senhor responde:
- Meu jovem, é você o famoso Miguel Della Cruz?
Miguel responde:
- Sim, sou. Mas, de famosas só tenho minhas decepções.
O velho discorda:
- Decepções são partes integrantes da vida, sem elas não poderíamos encontrar nosso verdadeiro caminho.
E completa:
- Meu rapaz, não fique assim tão negativo, pois vim aqui para alimentar seus sonhos.
Assustado, Miguel pergunta:
- Como assim, não estou te entendo senhor.
O senhor misterioso explica:
- Jovem navegador, sou eu a solução para seus problemas financeiros, sua grande vontade me trouxe para socorre-lo.
Della Cruz sem entender nada indagou:
- O senhor andou abusando do vinho?
Sorrindo o senhor responde:
- Não querido amigo, não estou embreagado, sou um anjo e vim à Espanha para guia-lo para o caminho traçado em seu destino.
Della Cruz sem paciência soltou:
- Não estou precisando de anjo neste momento, preciso sim, é de dinheiro para contratar homens e reformar meu barco para viajar rumo as Américas.
O anjo o interrompeu tirando uma saca do bolso e disse:
- Tome seu dinheiro, aqui tem 200 moedas de ouro mais do que suficiente para você cobrir todos os seus gastos, mas tem uma condição para eu te dar esse benefício.
Miguel embasbacado com tanto dinheiro falou:
- Pode pedir o que quiser que eu farei qualquer coisa.
O misterioso anjo complementou:
- O que eu quero é que você encontre seu nativo sonho e coloque o meu nome neste pedaço de terra, pode ser?
Miguel eufórico nem prestou atenção direito, envolto com o brilho do ouro .
O anjo perguntou novamente:
- Então, nobre rapaz, temos um trato ou não?
- Sim, temos sim, nem dando bola para qualquer tipo de promessa.
Nisso o anjo entrega-lhe o ouro e desaparece como um passe de mágica.
Della Cruz não acreaditava que seus problemas financeiros estavam solucionados, agora era só correr atrás de seu sonho, mas tinha prometido algo para o anjo; o que era mesmo?
Indagou sozinho:
- Deixa pra lá, não deve ser importante!
Nosso navegador reune sua equipe e já se prepara para a aventura em busca de um sonho que apesar de Miguel ser jovem já tinha sofrido tantos tropeços em sua eterna busca.
Um dia chuvoso na parte sangue quente da europa, tudo pronto para a navegação apesar das condições climáticas ruins, lá se vai nosso jovem e persistente amigo navegador.
Já se passam dois meses de alto mar, Miguel está cansado, mas confiante, estavam navegando águas latinas. O clima era ótimo, muito sol e um céu azul de brigadeiro, para falar a verdade toda a tripulação estava derretendo de calor, pouco acostumados com o intenso calor dos trópicos. Della Cruz nunca tinha chegado tão perto de seu objetivo, nas outras onze vezes faltou suprimentos, tiveram problemas de doenças, mas desta vez, graças ao vil metal do anjo levaram uma equipe com médico e enfermeiros para o mar, estavam preparados para descobrir o mistério do desconhecido.
Batiam as badaladas do terceiro mês de navio, os marinheiros estavam desanimados, mas Miguel não descia um centímetro de esperança, iria vencer qualquer desafio. Anoitece um grande cinza, um nevoeiro cobre até os pêlos do nariz, a tripulação teme pelo pior pois não sabiam para onde o mar iria lhes levar.
Della Cruz grita para todos:
- Nós já estamos três meses neste mar guiados por bússulas e cálculos e não tivemos êxito, vamos relaxar e deixar o mar fazer este papel para nós, vamos deixa-lo nos levar para a ilha de nossos sonhos. Alguns marinheiros concordam com Miguel, outros descordam veementemente, gerando um conflito que chega as vias de fato. Miguel tenta segurar a situação, mas toma um soco na boca do estômago e fica desfalecido no convés. Como grande parte da tripulação que fica sem energias de tanto que brigaram.
Pela manhã, todos acordam com dor em algum local do corpo, mas quando abrem os olhos não existe mais nevoeiro e o que vêem a frente não é o interminável mar, mas sim terra firme e palmeiras. Miguem ainda meio bambo pelo soco tomado fica embasbacado com tanta beleza e já prepara o barco para colocarem os pés em terra firme e constatarem se aquilo era verdadeiramente real. Descem o barco e lá vão nossos bandeirantes. O primeiro a fazer menção de colocar o pé é nosso ilustre e perseverante Miguel Della Cruz. No momento em que vai pisar a areia um campo de força luminoso lhe impede a façanha e lhe atira ao mar. Todos ficam atônitos, Miguel assustado tenta novamente e vai parar ainda mais longe.Todo molhado grita:
- Mas o que é isto, é coisa do demônio, essa ilha é o inferno. E todos começam a remar, para voltar ao navio, completamente apavorados já pegando seus terços e rezando suas vãs orações. Miguel está tão atorduado que volta ao navio nadando. Chegando, vê seus homens em prantos pedindo proteção de suas mãezinhas.
Miguel chama todos e conclama:
- Amanhã pela manhã iremos de volta a Madrid, e prometo a todos os meus fiéis seguidores nunca mais irei colocar meu pés em navio, meu espírito aventureiro morre aqui, nestas palavras.
Os homens ficam surpresos, mas de tanto medo do demônio acham ser a melhor solução. Passam o dia arrumando as coisas para a volta à Europa. Chega a noite todos tristes e calados rumam aos dormitórios para recuperarem a energia necessária para regressarem pela manhã.
Miguel rola a cama todinha tentando ibernar, de tão cansado, mas demora para pregar o olho, está com medo e muito decepcionado. Como foi achar logo a Ilha do Diabo, não sabia o que iria fazer da vida e decidiu-se a aprender o ofício de ferreiro, trabalho que seu velho avô teve devoção até o dia de sua morte. Pensando no avô Miguel adormece e tem um incomum sonho, seu velho avô vem lhe visitar e lhe diz:
- Miguel lembra do anjo que patrocinou sua viagem?
Miguel responde:
- Lembro sim vovô, mas o que tem ele? Ele era eu desfarçado, já era minha intenção lhe dar todo o dinheiro que tinha guardado em vida para você alcançar seu sonho.
- Era o senhor? Indaga o marinheiro.
- Obrigado meu amado avô, mas infelizmente te decepcionei, procurava por um lugar encantado mas só encontrei a Ilha do Diabo.
O avô riu e lhe perguntou: Você lembra da condição que eu em forma de anjo lhe impus para o patrocínio desta viagem?
- Miguel encabulado responde: Sinto muito meu velho avô, mas fiquei tão fascinado com o ouro que nem prestei atenção.
O avô lhe repreende:
- Viu, nunca dê mais atenção aos bens materiais do que as pessoas, e ainda mais anjos, mas mesmo assim vou te ajudar. Ajudar como, agora só quero ir para casa e esquecer de mais essa decepção.
O avô lhe ampará e anuncia:
- Querido neto, você nasceu para a navegação, não abandone seu sonho por mais que isso lhe pareça inviável. Olhe, o que lhe pedi como condição foi que que desse o meu nome a ilha que você encontrasse, você fez isso?
- Não meu sábio avô, pelo contrário lhe coloquei o nome de ilha do diabo.
O velho anjo lhe ensina pacientemente:
- Viu por isso não conseguiu pisar o solo, pois lá é um lugar diferente, onde as promessas deve ser cumpridas, volte lá e dê meu nome e tudo ficará bem.
Nisso seu avô lhe beija a face e some como uma nuvem.
Miguel resona e acorda, o dia já está claro e seu tripulante já estão a postos para baterem em retirada. Miguel chama todos e proclama:
- Queridos amigos tinha uma revelação em sonho durante a noite, aquela ilha não é do diabo, mas sim, um paraíso em terra. E, iremos lá tomarmos posse desta dádiva que deus nos colocou. Os homens ficaram aprrensivos e disseram que não iriam mais voltar para quele lugar maldito. Miguel tranquilamente falou: Então, tudo bem. Vou sozinho. Tentaram segura-lo de todas formas, mas Miguel desceu o barco novamente e remou para a terra prometida. Chegando na margem gritou para todo o infinito:
- Eu Miguel Della Cruz batizo esta terra com nome do meu ilustrissímo avô Angel Della Cruz. A ilha Angel Della Cruz!



Marcelo G. Dos Santos
Paixão, Gol & Rock N’Roll
BH, 08 de Novembro de 2004

texto 05/11/2003

17 preto e 37 vermelho...


Mara era uma professora de universidade pública, 37 anos e, muitos sonhos decepados. Ela era casada com Sérgio, agrônomo, 38 anos, mais interessado em suas pesquisas e pastagens do que propriamente em Mara.
Nossa professora tinha um grande vício, que não era segredo para ninguém, menos para seu marido que também não notava isto nela, ela era viciada em jogo. Era louca por qualquer jogatina: carteado, bicho, bolão e seu principal prazer; o jogo de roleta. Desde que se casou com Sérgio, há 20 anos, ela sempre cravava todas as fichas no 17 preto e nunca ganhou um mísero centavo. Essa rotina de jogos e principalmente de roleta do 17 preto se repetia todos os dias, religiosamente.
Nossa querida viciada era uma professora medíocre, mecânica, como todos nós já tivemos um dia. Fingia que dava aula e os alunos fingiam que aprendiam, mas sabe como é, lecionava comunicação social em uma universidade de um estado mais do que sucateado. (olha que novidade!!!) As exigências eram mínimas, ela saia com sua graninha no fim das contas e os pobres discípulos saiam com seu diplominha surrado debaixo do braço.
Sua vida era realmente bem chata, mas deixava para lá, abstraía os pensamentos de revolução de sua mente e sobrevivia como um verme pegando as rebarbas.
Vamos falar de Sérgio, importante cientista agrônomo de uma renomada universidade brasileira. Passava a maior parte de seu tempo viajando, visitando fazendas e testando suas fórmulas mirabolantes para melhorar a agricultura brasileira, sua grande e verdadeira paixão. De vez em nunca, ia visitar sua casa e fazia um sexo burocrático com sua Marinha. Só conseguindo atingir o orgasmo, quando se concentrava nas tetas das vacas da fazenda que visitara no dia anterior.
O casal ia fingindo e subtraindo, levando sua vida de comodismo e displicência matrimonial; até que um dia...
Mara saia da universidade completamente fria como um picolé no pólo norte, seguindo sua irritante rotina, em rumo ao destino de seu único terrível prazer: o Cassino.
Adentra o recinto cumprimenta o porteiro, que como ela já está por aquelas bandas por umas duas décadas e segue para o caixa. Compra 37 fichas e segue para sua adorada mesa de roleta.
Senta-se e diz para o crupiê :
- Jorge, como sempre todas as 37 no 17 preto!
O crupiê acata o pedido, fecha as apostas e roda a roleta. Para variar um pouquinho, adivinha? Nossa ilustre viciadinha perde mais uma vez.
Ela como já estava mais do que acostumada, nem teve qualquer reação contrária, friamente se levantou e se encaminhou para continuar sua vidinha sem sabor. Quando algo inesperado aconteceu...
Um homem de seus 30 e alguns anos se levanta no fundo cassino e corre em sua direção e a segura vorazmente pelo braço. Mara se assusta e já se vira com a intenção de deixar suas garras naquele ser atrevido. Mas, no momento em que vira seu rosto para enfrentar o indelicado homem, seus olhos vão de encontro com os dele, uma sensação nunca sentida invade seu todo e ela desmaia.
Depois de muita água na cara, Mara desperta e a primeira coisa que dá de encontro é com aqueles olhos que lhe fizeram desfalecer. Só que dessa vez ela encara e percorre o restante do corpo daquele homem e o que encontra e mais do que satisfatório. Ela vê um homem alto, moreno, de cavanhaque bem aparado, um rosto pacato, um olhar terno e sensual na mesma medida.
O homem a pergunta:
- Como está a senhora? Desculpe se a assustei!?
Mara quase que levantando umas toneladas consegue se pronunciar:
- Estou bem, obrigado! Eu tenho pressão baixa, por isso desmaiei!
Inventa a antes pouco criativa mulher.
O rapaz completa:
- Você precisa de alguma coisa!
Mara ainda embasbacada com a beleza daquele homem, responde:
- Não obrigado. Mas, para falar a verdade, acho que preciso é jogar novamente!
Afirma já buscando sua bolsa no chão e a revirando para achar o dinheiro para as 37 fichas. Coloca sua bolsa de ponta a cabeça, mas não acha um centavo, seu pagamento atrasou (rotina de funcionário público) e sua feição agora é de frustração!
O galante moreno presenciando aquela cena vai até o caixa disfarçadamente, sem Mara perceber, fala algo para o funcionário e pega 37 fichas.
Chega em frente de nossa agora desconsolada viciada, estica a mão e fala docemente:
- Aqui estão, 37 fichas. Não é isso que você sempre joga!
Mara completamente surpreendida, pega as fichas e ainda consegue indagar:
- Como você sabe que eu sempre jogo 37 fichas?
O homem responde pacientemente:
- Deve ter uns dois meses que sempre vejo você aqui no cassino. Meu pai era o dono disso tudo aqui, só que ele morreu no mês retrasado e tive que vir da França para assumir o cassino. Mas, sempre reparei em você e na sua cisma em comprar todos os dias 37 fichas e, jogar todas no 17 preto!
Ela encabulada de ser alvo de tanta atenção de um homem tão interessante, fica sem fala, mas completamente fascinada por aquele ser tão único.
O dono do cassino reparando na timidez que se instalou naquela mulher a sua frente, comenta:
- Nossa, você fica ainda mais bonita assim, caladinha! Não vai jogar não?
Ela como tentando se recompor, mas mais vermelha ainda, se dirige a mesa de roleta e se senta. O homem fascinante senta ao seu lado e pergunta:
- Você vai jogar todas as fichas no 17 preto novamente? Você nunca pensou em mudar?
Mara como que renascendo responde:
- É mesmo, eu jogo sempre nesse 17 preto, isso já tem vinte anos, nunca ganhei um centavo. Pode ser a hora de mudar!
Abrindo um sorriso que nestes 20 anos nunca tinha sido despertado, ela acrescenta:
- Já que você me atinou para isso, me dê uma sugestão de jogo, por favor!
O dono do cassino já estava com a resposta na ponta da língua:
- Ora essa, jogue no 37 vermelho! Pode ter certeza que vai ganhar!
Ela dotada de uma segurança inédita, resolveu seguir a sugestão de seu técnico de jogo e do coração. Pegou as 37 fichas e colocou todas no 37 vermelho, dando uma gargalhada de satisfação e afirmando para o crupiê:
- Pode rodar que essa eu vou ganhar!
Diz totalmente satisfeita olhando para seu belo tutor.
O crupiê gira a roleta e...
- 37...Vermelho!!!
Grita o funcionário emocionado!
Mara em completo estado de êxtase pula da cadeira e cai nos braços daquele moreno inspirador, como em uma cena de cinema, seus lábios vão lentamente de encontro aos lábios daquele despertador de almas perdidas. Eles ficam vários instantes se entrelaçando, soltando faíscas de paixão e inveja nos que eram espectadores daquele momento de total fascínio.
O funcionário do cassino vem trazendo vários pacotes de notas na direção de nossa agora sortuda e descabelada professora de paixão; pára a sua frente e diz:
- Aqui está minha senhora, o seu prêmio, 37 mil reais!
Mara sem desgrudar de seu macho estimulador e com uma voz de deleite, afirma:
- Preciso desse dinheiro não, distribua para todo mundo aqui no cassino. Meu verdadeiro prêmio está aqui, deliciosamente nos meus braços!
Larga a fala e o dinheiro se engalfinhando com seu Deus da Perdição, lhe lascando um beijo dotado de brasas mais ardentes que as do inferno em dia de carnaval!!!



MARCELO G. DOS SANTOS
PAIXÃO, GOL & ROCK N’ROLL
BH, 05/11/2003