Alma Lavada
O rancor foi embora sem o advento
da ira
A arte se faz em uma tela búdica
de um terno olhar
O controle agora tem um ritmo
mais sereno
As palavras não mais atingem
somente o vento adentram o coração
A saudade passa a ser aliada de
um leque de grandes lembranças
A companhia da felicidade fica
mais frequente e sutil
A sabedoria atinge um nível
satisfatório sem mais bater a cara na porta
A incrível noite se consagra com
a luz inebriante da lua cheia
Dias estranhos não tiram da
pintura o estonteante sorriso
A vingança vira uma revanche sem
sentido e ganhe ares de liberdade
O medo deixa de ser coligado de
uma insuportável insônia
Deixa-se de ter pena e se suja as
mãos para mudar o quadro
O inventor do amor está em paz
tomando uma cerveja de trigo
O beijo ardente é mais eficaz por
atingir o conjunto completo
A explicação se rende ao vento inusitado
e permissivo
Entrega-se a uma dança com a
chuva como toque libertador
As trevas são lavadas por uma
cachoeira de águas caridosas
Os desejos são levados em segredo
para a benção no fundo do mar
Marcelo
G. dos Santos
Trovador
de Los Xamãs
Belo
Horizonte, 22 de Maio de 2013
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