sexta-feira, 8 de junho de 2007

texto 04/11/2003

Respirando injustiça e aspirando coragem


Quanto mais repugnamos injustiças, mais elas aparecem para nos testar. Isso acontece com freqüência com relação a pessoas que achamos que conhecemos, no meio profissional e de nossa família. Não adianta, exemplos sempre vão ter: Lembra do trabalho bem feito que você fez e ninguém elogiou. E da garota que você fez de tudo por ela e o que você mais recebeu foi falta de consideração! Não esquente com isso não, tudo tem sua hora e nada é por acaso. Podem ser frases batidas, mas são muito verdadeiras. Nada na vida é fácil, mas muitas vezes fazemos nossa parte e ainda levamos ferro! Por que? O porquê é simples, não é para ser. O que achávamos o caminho correto não era a trajetória real de nossa felicidade.
Várias pessoas vivem anos de mentira e desilusão acreditando ser este o destino traçado pelo divino. Nunca, nossa felicidade depende de nossa visão, de aceitar as imperfeições e não dar um passo maior que nossas pernas. Tudo tem seu momento e tudo é conquistado. As coisas estão dando para trás, então, com certeza, estamos apostando em um caminho difuso de nossa alma.
As injustiças realmente acontecem, temos que lutar contra elas de uma forma inteligente, sem desespero, usando da sutileza, aspirando amor, natureza típica dos mais clarividentes. Se os seres de sua convivência conspiram contra você é porque sua relação com estes seres deve se finalizar.
É chegada a hora de galgar novos caminhos, ninguém merece as trevas em lucidez, mas com os olhos vendados tudo é merecido. Um amor mentiroso não vai para frente, isso em qualquer relação, de amizade ou carnal. A mentira que mata não é a contada é a vivida. Viver um ato mentiroso é destruir sua alma aos furacões. Um sopro balança, mas um vendaval desmonta e apavora. A coragem de assumir a mentira corrompe a injustiça, tira suas forças, liberta o espírito dantes amargurado.
Assuma seus limites e os coloque em evolução, os supere e faça de suas relações verdades em evidência. Credite os valores a quem merece e será correspondido em louros satisfatórios. Se delegar valor a quem não comunga de sua sintonia, irá vagar nas profundezas de um mar repleto de frustração e medo de colocar a cabeça para fora d’água.
O ser humano só enxerga seu erro quando a fatalidade bate a sua porta, neste instante pode ser tarde e ridículo chorar pelo cometa que já passou. Devemos aspirar pela coragem, repugnar o medo e comungar pelas belas lembranças, pois a consciência de uma tarefa bem executada supera qualquer falsa ilusão latejante.
O ar da injustiça entra em nossos pulmões e corta a carne, a luta aliada à ternura modifica até nosso respirar, passamos a divulgar a felicidade em doces suspiros para a multidão. Mais vale a sinceridade dura do que a hipocrisia maliciosa. Ouça os verdadeiros amigos, pois suas críticas por mais que pareçam descabidas são pertinentes. Os fingidos são doces e amáveis, quanto menos se espera você já está envolvido e futricado.
O injusto é o que não reconhece a falha e a delega a você. O lícito não só assume sua arrogância, como pede que você o doutrine, para ele não derrapar nesta curva novamente. Tenhamos tanto a coragem de aceitar nossas limitações, como de buscar aperfeiçoar nossas dádivas. Ninguém é sábio suficiente, mas está cheio de falsos sabidos por aí, cometendo injustiças mil e muitos nem estão percebendo. Deus é o único dotado de infinitos poderes, quem quiser disputar em igualdade, deve-se descartar de nosso convívio.
Cabe a cada um correr atrás de sua linha na cocha de retalhos da felicidade. Mas, cuidado, esse caminho é cheio de enganos. Muitas coisas que parecem ser a luz são armadilhas para testar nossa capacidade de receber o tônico da plenitude de se ser feliz.
A luminosidade está enrustida em nossa alma eterna, sempre esteve lá e muitas vezes já gozamos de seu sabor. Mas, por ocasião das desilusões, que julgamos pobremente injustas, nos esquecemos que a luz está ainda a brilhar e que podemos desfrutar de sua essência com nossos amados seres.


MARCELO G. DOS SANTOS
PAIXÃO, GOL & ROCK N’ROLL
BH, 04/11/2003

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